A vitamina C, ou ácido ascórbico, é um nutriente essencial por não ser sintetizada pelo organismo do homem, tendo de ser fornecida pela ingestão de alimentos ou medicamentos. Linus Pauling, duas vezes galardoado com o prêmio Nobel (Química–1964; Paz–1962) considerava a vitamina C, uma substância que participa de inúmeras reações químicas do nosso organismo, sendo fundamental em muitas delas.
Funções :
A vitamina C possui inúmeras funções no organismo. Sua participação mais importante é na síntese de colágeno, substância que dá estrutura aos tecidos conjuntivos, como músculos, tendões, ossos e cartilagens. A vitamina C também contribui para a saúde dos dentes e gengivas e, promove a absorção, depósito e transporte do ferro a partir da dieta. É também necessária para a síntese dos ácidos biliares.
Além disso, investigações mostram seu papel em:
• síntese de hormônios e neuro-transmissores importantes, como a adrenalina, secretada durante situações estressantes;
• metabolismo do ácido fólico;
• função imunológica;
• função redox/anti-oxidante (neutraliza radicais livres);
• reações metabólicas de certos aminoácidos, em particular na prevenção da formação de nitrosaminas, potentes carcinogênicos, presentes no estômago, devido ao consumo de alimentos contendo nitrito, tais como a carne defumada.
Fontes Principais :
As melhores fontes são as frutas e vegetais, sobretudo as frutas cítricas e os vegetais e folhas verdes.
Alimentos ricos em vitamina C (mg/100g)
Groselha preta |
200 |
Salsa crua |
200 |
Goiaba enlatada |
180 |
Pimentão cru |
127 a 165 |
Brócolis crú |
110 |
Couve de Bruxelas cozida, cebolinha, agrião |
60 |
Morango, lichia |
60 |
Repolho roxo crú |
57 |
Laranja, limão |
52 |
Couve-flor |
50 |
tangerina |
42 |
Suco de laranja pasteurizado, couve-flor cozida |
38 |
Alho, suco de uva pasteurizado |
30 |
Abacaxi, acelga cozida, tomate crú |
18 |
Fonte: Favier J.C. et al. Repertório Geral dos Alimentos. Roca: 1999. Conservação
A vitamina C é sensível ao calor, luz e oxigênio. Nos alimentos, pode ser parcialmente ou completamente destruída por um armazenamento longo ou pelo cozimento. Dessa maneira, quando for cozinhar os alimentos, prepare-os no menor tempo possível, para que não sejam oxidados; utilize pouca água e sirva logo após o preparo. Portanto, guardar suco de frutas por muito tempo na geladeira não preserva a quantidade inicial da vitamina C.
Dose recomendada:
A ingestão diária recomendada de vitamina C varia de acordo com a idade e sexo. A DRI para os adultos recomenda a ingestão de 90 mg/dia para homens e de 75 mg/dia para as mulheres (Food and Nutrition Board 2000).
Fumo, aspirina, contraceptivos orais e estresse podem aumentar as necessidades desta vitamina.
Utilização Terapêutica:
Os médicos recomendam que as mulheres grávidas aumentem a sua ingestão de vitamina C em cerca de 30% e durante a lactação é aconselhado um aumento de até 60-70% de forma a garantir as necessidades da mãe, dado que um litro de leite materno contém cerca de 50 mg de vitamina C.
Na cura de feridas superficiais, os suplementos de vitamina C contribuem para a prevenção de infecções e promove a reparação da pele.
Deficiência:
Deficiências séricas desta vitamina são raras e podem ocorrer em indivíduos subnutridos, alcoólatras e idosos com dieta restrita.
Os primeiros sintomas da deficiência inicial de vitamina C são: fadiga, perda de apetite, sonolência, insônia, exaustão, irritabilidade, baixa resistência às infecções e petéquia (pequeno sangramento capilar). Estes sintomas podem, no entanto, indicar outras doenças.
A carência a longo prazo e a principal deficiência de vitamina C leva ao escorbuto, desintegração do tecido conjuntivo. Nos adultos caracteriza-se por: ulcerações, gengivas inchadas, afrouxamento dos dentes, modificação na integridade dos capilares, anorexia e anemia. Nas crianças causa malformações ósseas. O sangramento das gengivas e a queda dos dentes são normalmente os primeiros sinais da deficiência clínica. As hemorragias sob a pele causam sensibilidade extrema das extremidades e dores durante o movimento. Hoje em dia, o escorbuto ocorre com relativa raridade. Para evitar o escorbuto, é considerada suficiente a ingestão diária de 10-15 mg de vitamina C.
Benefícios:
• estimulação do sistema imunológico, promovendo uma maior resistência às infecções;
• aumento da absorção de "ferro não-heme" (ferro proveniente de alimentos de origem vegetal como, por exemplo, feijão, espinafre e lentilha);
• auxílio no processo de cicatrização de feridas, sangramentos de gengivas e pequenos cortes;
• atuação como antioxidante, neutralizando a ação dos radicais livres que desencadeiam o processo de envelhecimento precoce, além de aumentarem o risco para desenvolvimento de câncer e doenças do coração.
Esporte:
As evidências científicas assinalam que a suplementação de vitamina C não melhoram o desempenho físico em pessoas com deficiência dessa vitamina. Por outro lado, como o exercício físico é um agente estressor, alguns pesquisadores recomendam que o indivíduo ativo utilize uma quantidade ligeiramente superior a recomendação estipulada pela DRI.
Cosméticos:
Na concentração adequada, a vitamina C em cremes e géis "… tem um papel múltiplo, promovendo: o controle da oxidação (anti radical livre), o estímulo da formação das fibras colagenosas e a proteção em relação a radiação ultra violeta.
• Protege a pele do sol, prevenindo o fotoenvelhecimento (manchas, rugas, desidratação) e pode ser uma das coadjuvantes no seu tratamento;
• Não provoca irritação ou avermelhamento como ácidos, além de poder ser usada durante o dia;
• Pode também estimular a produção de colágeno, diminuindo rugas finas e flacidez leve;
• Quando em quantidades adequadas, pode auxiliar também no clareamento de manchas leves.
Considerações Finais
Seguir uma alimentação balanceada e rica em frutas e hortaliças é a melhor (e mais barata) forma de obtermos os benefícios não só da "famosa" vitamina, mas também, de outros nutrientes tão importantes para a manutenção de nossa saúde.
Referências:
• Wardlaw G.M. Perpectives in nutrition. 3ª ed, 1995.
• Waitzberg D. L. Nutrição oral, Enteral e parenteral na prática clínica. 3ª ed, São Paulo: Atheneu, 2000.
• Magnoni D e Cukier C. Perguntas e Respostas em Nutrição Clínica. São Paulo: Roca, 2001.
• www.gssi.com.br