Associações da gravidade da doença com o estado nutricional e mortalidade pós-operatória de pacientes com câncer de esôfago
LAMÔNICA-GARCIA, VC; MARIN, FA; HENRY, MACA; BURINI, RC.
Instituição: Faculdade De Medicina De Botucatu – Unesp
Email: vanialamonica@uol.com.br
Introdução: A desnutrição protéico-energética (DPE) pode promover o desenvolvimento de complicações pós-operatórias e pior prognóstico de pacientes cirúrgicos. Objetivos: Estudar a associação de indicadores de estado nutricional com estadio da doença e as principais complicações e mortalidade pós-operatória de pacientes com câncer de esôfago (CE). Método: Foram avaliados retrospectivamente 100 prontuários de pacientes com CE 58,6 ±10,4 (38-81) anos, 86 (85%) homens e 15 (15%) mulheres, submetidos à esofagectomia (n=25) e gastro/jejunostomia (n=75), entre 1995-2004. Coletou-se: história clínica, estadiamento, estado nutricional (índice de massa corporal – IMC, porcentagem de perda de peso – %PP, albuminemia e contagem total de linfócitos – CTL) e evolução clínica pós-operatória (PO). Os pacientes foram agrupados de acordo com o porte cirúrgico (grande x pequeno). Realizou-se associação entre as complicações pós-operatórias e mortalidade (PO – 30 dias). As comparações entre grupos foram feitas pelo teste t (Student) e a existência de associações entre variáveis pelos testes de X2 ou exato de Fisher (p=0,05). Resultados: Houve predomínio dos tumores avançados (III e IV), disfagia em 95% dos pacientes e perda ponderal >10%, anterior ao diagnóstico, em 78%. A obstrução esofágica, presente em 77 pacientes, associou-se (p=0,0021) com o baixo IMC (DPE). A %PP e a hipoalbuminemia associaram-se estatisticamente (p<0,05) com o estadio avançado da doença. As complicações pós-operatórias precoces ocorreram em 69,2% e 30,7% pacientes submetidos à esofagectomia e ostomias, respectivamente, com predomínio das infecciosas nas ostomias (80%) e as pleuro-pulmonares nas esofagectomias (61%). A albuminemia foi menor nos pacientes com ostomias, e a hipoalbuminemia associou-se (p<0,05) com as complicações pós-operatórias e mortalidade. A %PP e a CTL associaram-se com as complicações pós-operatórias precoces e infecciosas nas ostomias e a CTL, com a mortalidade operatória nas esofagectomias. Conclusões: A DPE associou-se às complicações pós-operatórias apenas nos pacientes submetidos à ostomias, sem presença destas associações nas esofagectomias.