Dr. Celso Cukier
Quando se deve introduzir dieta enteral em pancreatite aguda?
Após contornados os vômitos, distensão abdominal, íleo paralítico e alterações hemodinâmicas, e as provas de função glandular tornarem-se normais (amilase, lipase, cálcio e glicose) pode-se tentar a via oral e/ou enteral.
Após início da alimentação, se houver reaparecimento da dor, náuseas e vômitos ou elevação dos níveis de amilase e lipase, com queda do cálcio, são sinais de que a alimentação deve ser suspensa.
O uso contínuo da nutrição enteral e o posicionamento da sonda além do ângulo de Treitz podem favorecer a manutenção da terapia nutricional.
Na pancreatite aguda que quantidade calórica deve ser ministrada?
Adequada nutrição em pancreatite aguda pode ser obtida, quando possível sua introdução, partindo-se da equiparação da condição de hipermetabolismo com sepse. Reverter o balanço nitrogenado é difícil tarefa. Sugere-se a utilização de 30 kcal/kg de peso corpóreo e relação caloria / nitrogênio de 100 a 130:1.
Quais íons tornam-se de controle fundamental em pancreatite aguda?
Em alguns casos o cálcio tem queda acentuada, sendo necessária sua reposição. Deve-se recordar da inter-relação cálcio – magnésio – albumina. Esses dois íons são carreados pela albumina. A oferta exógena de cálcio em excesso, por sua vez, pode competir com o magnésio e ocasionar hipomagnesemia. Situação de hipoalbuminemia deve ser corrigida para favorecer o transporte desses íons.
Referências:
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