Orientação nutricional oral em Insuficiência Cardíaca

Autores
*Dr. Daniel Magnoni
**Nutricionista Aliny Stefanuto
**Nutricionista Cristiane Kovacs

Orientação Nutricional na Insuficiência Cardíaca:

A insuficiência cardíaca leva o paciente a uma perda de peso que pode chega a caquexia cardíaca, onde esse peso pode chegar a um déficit de 20% , isso ocorre devido alterações no organismo que afeta o estado nutricional.

O trato digestório e o mais afetado principalmente em nível de compressão gástrica, congestão hepática, edema de alça intestinal, enteropatia perdedora de proteína, náuseas, falte de apetite, dispnea e fadiga, esses sintoma contribuem para anorexia.

A terapia nutricional e orientação têm o objetivo de recuperar o estado nutricional do paciente, fornecendo energia e nutrientes para evitar o esforço cardíaco, o intuito é recuperar e/ou manter o peso ideal suprindo necessidades de energia.

Sendo assim o aporte de calorias deve gera em torno de 25 a 30 cal/kg/peso/dia.

O cálculo do gasto energético basal deve ser feito pela fórmula de Harris & Benedict, considerando fator injúria e atividade.

Com o valor calórico que deve ser oferecido ao paciente o ideal é aumentar as calorias das preparações (mais calorias em menor volume), pode-se usar complementos alimentares (hipercalóricos) e/ou aumentar a % de gordura da dieta.

No caso de impossibilidade de nutrição via oral a nutrição enteral deverá ser administrada o mais rápido possível evitando a diminuição de peso.

Pacientes com sobrepeso e obesidade a dieta deverá ser hipocalórica fracionada para atingir ou manter o peso ideal minimizando esforço cardíaco.

As orientações nutricionais devem ser individualizadas e não deve ter regras fixas pois as alterações variam de caso para caso.

a) Carboidratos:

Estudos científicos mostram que dietas com menor percentual de carboidratos e maior de gordura e proteínas conseguem diminuir o quociente respiratório entre 15% e 17%.

Caso haja doenças associadas com o DM e triglicérides, os monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos deveram ser alterados.

Em geral as recomendações de Carboidratos devem ficar entre 50% e 60%, as fibras entre 20 a 30g/dia.

b) Proteínas:

As recomendações desse macronutrientes são de 15 a 20% do valor calórico total da dieta, no caso de desnutrição grave é necessário 2g/kg/peso/dia, e na diminuição da função renal 0.8g/kg/peso/dia.

c) Lipídeos:

A gordura da dieta deve ser entre 25 e 30% do valor calórico total, sendo que maior em poilissaturada e monossaturada e até 200mg de colesterol/dia os ácidos graxos mono devem atingir 20% do VCT de gorduras da dietas, os poli 10%, as saturadas > 7% do VCT de gorduras da dieta e as gorduras trans .2%.

MICRONUTRIENTES

Sódio:

A dieta com baixa quantidade de sódio é indicada para evitar a retenção hídrica e vai varia com o grau da insufici6encia cardíaca e o balanço hidroeletrolítico.

Pacientes assintomáticos o sódio deve ficar 102 e 108 mEq, já em casos graves de IC com edemas deve ficar entre 43 e 87 mEq de sódio.

As orientações para diminuir o sódio são: evite comprar os enlatados e industrializados, reduza o sal nas preparações, realce o sabor das receitas utilizando ervas e especiarias s/ sal, não coloque o saleiro na mesa, substitua o sal do saleiro com uma mistura de ervas e especiarias, evite os molhos de salada, catchup, mostarda e outras.

Potássio:

Com o uso de diuréticos para controle da IC pode ocorrer perda de potássio com isso pode causar alguns sintomas com náuseas, vômitos desconforto abdominal e arritmia cardíaca, as recomendações nutricionais deverem ser orientadas quantos aumentar o consumo de frutas, legumes, verduras e leguminosas em alguns casos a suplementação medicamentosa é necessário.

Cálcio e Magnésio:

Com os diurético podemos ter perdas desses minerais, e alguns alimentos deverem ser orientados para suprir essas necessidades caso isso não ocorra é indicado o uso de medicamentos.

Fontes de Magnésio

*Recomendações de dose diária: 40 0 25 mg

Fontes de Cálcio

*Recomendações de dose diária: 500 a 1000 mg

•  Cereais de trigo integral

•  Nozes

•  Carnes em geral

•  Leite

•  Vegetais verdes

•  Alguns legumes

•  Leite e derivados

•  Vegetais verdes

•  Sardinha

•  Mariscos, ostras

 

Restrição Hídrica:

A restrição de líquidos é variável e irá depender do balanço hidroeletrolitíco.

As orientações não devem ser apenas para os líquidos, mas sim também para as preparações que apresentam quantidades consideráveis de líquidos.

Leituras Recomendadas:

III Consenso de Hipertensão Arterial, 1998.

II Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Vol 77, suplemento III, 2001.

II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia pra Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca. 1999; vol. 72 supl. 1.

IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Revista da Sociedade Brasileira de Hipertensão. Vol. 5, n° 4, 2002.

Goldberg IJ, Mosca L, Piano MR, Fisher EA. Wine and your heart. A science advisory for healthcare professionals from the nutrition committee, council on epidemiology and prevention, and council on cardiovascular nursing of de American Heart Association. 103: 591-594, 2001.

He J, Ogden LG, Bazzano LA, Vupputuri S, Loria C, Whelton PK. Dietary sodium intake and incidence of congestive heart failure in overweight US men and women. Arch Intern Med. 162: 1619-1624, 2002.

Intersalt Cooperative Research Group. Intersalt: An international study of electrolyte excretion and blood pressure. Results fro 24 hours urinary sodium and potassium excretion. Br Med J, 297: 319-28, 1998.

Lee KW, Lip, GYH. The role of omega-3 fatty acids in the secondary prevention of cardiovascular disease. Q j Med. 96: 465-480, 2003.

Lorgeril M, Salen P. Fish and n-3 fatty acids fro the prevention and treatment of coronary heart disease: nutrition is not pharmacology. Am J Med. 112: 316-319, 2002.

MAGNONI, CD., CUKIER, c. – Nutrição Insuficiência Cardíaca. 1º ed. Sarvier, São Paulo, 2002, pp. 209 – 218.