Obesidade e Coração – Considerações Gerais

Nutricionista Tatiana Alvarez
Dr. Daniel Magnoni

A obesidade é uma patologia caracterizada pelo excesso de gordura corporal, o indivíduo é considerado obeso quando a quantidade de tecido adiposo é maior em uma extensão tal que a saúde física e psicológica são afetadas e a expectativa de vida é reduzida. (1)

A obesidade é considerada um problema de saúde pública, uma epidemia mundial, já que é um dos fatores de risco para inúmeras patologias na sociedade moderna. (2)

De acordo com Organização Mundial de Saúde (3) 54% dos indivíduos adultos dos EUA estão com sobrepeso e 22% estão obesos. A obesidade tem aumentado em taxas alarmantes, incluindo países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

No Brasil, as mudanças demográficas ao longo do tempo permitiram No Brasil, as mudanças demográficas ao longo do tempo permitiram que ocorresse a transição nos padrões nutricionais, reduzindo progressivamente a desnutrição e aumentando a obesidade. (1) Em 1997 a prevalência de obesidade foi estimada em 11% da população residente nas regiões nordeste e sudeste do país, enquanto que em 1989 era de 9,6% e em 1974 era de 5,7%. (4)

A prevalência de obesidade em diferentes grupos populacionais está atribuída a fatores ambientais, em especial à dieta, atividade física reduzida ou ausente e o sedentarismo que interagindo com fatores genéticos poderiam explicar o acúmulo de excesso de gordura corporal em grandes proporções na população mundial. (1)

A população atualmente adquiriu novos hábitos que estão associados a diversos prejuízos à saúde devido à modernização como: facilidade de meios de transporte, aumento de tempo gasto com televisão/computador/vídeo game, redução ou ausência de atividade física, aumento do consumo de alimentos de alta densidade calórica.

Em estudo realizado por Almeida et al, (5) observou-se em 2002 que a qualidade dos alimentos veiculados na televisão promove produtos com altos teores de gordura e/ou açúcar e sal, conclui-se que esta predominância está contribuindo para o agravo da obesidade na população mundial.

De acordo com Centers of Disease Control (CDC) (6) a atividade física regular pode trazer ganhos cardiorespiratórios, recomenda-se 30 minutos ininterruptos diários. Outros efeitos benéficos: redução da mortalidade, redução do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, redução da pressão arterial em hipertensos, redução do risco de surgimento de diabetes, contribui para a redução da distribuição de gordura corporal (obesidade), melhora depressão, humor e promove bem-estar psicológico.

Além disso, está bem relacionado que o padrão de distribuição de gordura corporal pode estabelecer um prognóstico de risco para a saúde. Na obesidade do tipo central ou superior de distribuição de tecido adiposo, mais comum em homens, à gordura está distribuída preferencialmente na região do tronco, com deposição aumentada na região intra-abdominal visceral. No tipo periférico inferior, a gordura mais tipicamente acumulada-se na região dos quadris, nádegas e coxas, um padrão mais feminino de distribuição. (1)

O Índice de Massa Corpórea (IMC) é uma medida que relaciona peso e altura, tem excelente correlação com a quantidade de gordura corporal e é largamente utilizado em estudos epidemiológicos e clínicos. O IMC é calculado dividindo-se peso corporal (em kilo) pela altura (em metros) elevada ao quadrado e é expresso em kg/m 2 . (3)

Tabela 1 – Classificação de IMC de acordo com risco para a saúde

IMC (kg/m 2 )

Denominação

Risco de Complicações

18,5 – 24,9

Peso saudável

0

25,0 – 29,9

Sobrepeso

Baixo

30,0 – 39,9

Obesidade

Moderado a Alto

= 40,0

Obesidade Mórbida

Altíssimo

A partir do IMC 30kg/m 2 a morbidade e mortalidade relacionada à obesidade crescem de forma delarmantante e exponencial. (7)

Para se avaliar a gordura visceral, rotineiramente se utiliza à medida da circunferência da cintura dividida pela circunferência do quadril e a circunferência da cintura dividida pela circunferência abdominal como indicativo de adiposidade visceral. (8)

Os indivíduos com circunferência abdominal (medida no maior perímetro entre a última costela e a crista ilíaca) elevada apresentam aumento de tecido adiposo visceral, intimamente ligado a risco cardiovascular e síndrome metabólica. (1)

O sucesso das intervenções está estritamente relacionado com uma mudança comportamental, na qual deverão ser priorizadas uma dieta saudável e atividade física regular. Estas modificações irão melhorar a qualidade e expectativa de vida das populações com obesidade. (9

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:  

•  Mancini MC. Obstáculos diagnósticos e desafios terapêuticos no paciente obeso. Arq Bras Endocrinol Metab . 2001; 45 (6): 584-608.

•  Jung R. Obesity as a disease . Br Med Bull. 1997;53:307-21.

•  WHO – World Health Organization. Obesity-prevention and managing the global epidemic . Geenva: Report of a WHO Consultation on Obesity, 1998.

•  Monteiro CA, Conde WL. A tendência secular da obesidade segundo estratos sociais: nordeste e sudeste no Brasil, 1975-1989-1997. Arq Bras Endocrinol Metab . 1999; 43: 186-94.

•  Almeida SS, Nascimento PC, Quaiotib TCB. Quantidade e qualidade de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Rev Saúde Pública . 2002; 36(3): 353-5.

•  Surgeon General Executive Committee. Physical activity and heath: a report of the Surgeon General Executive Summary. US Department of the Heath and Human Services, Centers of Disease Control and Prevention. 2002;9-14.

•  Pereira LO, Francischi RP, Lancha Jr AH. Obesidade: hábitos nutricionais, sedentarismo e resistência à insulina. Arq Bras Endocrinol Metab . 2003; 47(2): 111-127.

•  Navarro Am, Stedille MS, Unamuno MRDL, Marchini JS. Distribuição da gordura corporal em pacientes com e sem doenças crônicas: uso da relação cintura-quadril e do índice de gordura do braço. Rev Nutr Campinas. 2001; 14(1): 37-41.

•  Lerario DDG, Gimeno SG, Franco LJ, Iunes M, Ferreira SRG e Grupo de Estudo de Diabetes na Comunidade Nipo-Brasileira. Excesso de peso e gordura abdominal para a síndrome metabólica. Rev Saúde Pública. 2002; 36(1): 4-11.