Fibras na Nutrição Humana – Introdução

Anna Christina Castilho
Nutricionista Clínica do IMeN – Instituto de Metabolismo e Nutrição
Especialista em Nutrição Clínica
Especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP/EPM.

Silvia Cristina Ramos
Nutricionista Clínica do IMeN – Instituto de Metabolismo e Nutrição
Pós Graduanda em Saúde Pública pela FSP/USP

Dr Daniel Magnoni
Médico Cardiologista e Nutrólogo
Chefe da Seção de Nutrição Clínica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
Secretário Geral da Federação Latino Americana de Nutrição Parenteral e Enteral
Diretor do IMeN – Instituto de Metabolismo e Nutrição

Dr. Celso Cukier
Médico Cirurgião do Aparelho Digestivo e Nutrólogo
Diretor do IMeN – Instituto de Metabolismo e Nutrição

Na última década deste século, a fibra dietética tem despertado grande interesse e ocupado um lugar importante na literatura científica ( 1 ). A qualidade da alimentação sofreu mudanças importantes: alimentos integrais foram substituídos por alimentos refinados, o consumo de gorduras e calorias aumentou e o de fibras diminuiu. Diversos estudos epidemiológicos descrevem que as dietas com uma ingestão diminuída de fibras estão relacionadas com o aparecimento de certas enfermidades denominadas “ocidentais”, como obesidade, câncer de cólon, aterosclerose, diverticulite, entre outras. Alguns pesquisadores, por volta dos anos 50, começaram a notar que, em populações não submetidas aos progressos da industrialização de alimentos; eram raras, ou mesmo, inexistentes, estas patologias consideradas comuns em sociedades desenvolvidas ( 2 ).

A relação da fibra dietética com a saúde, como é conhecida atualmente, foi introduzida há mais de 20 anos atrás por Denis Burkitt et al ( 2 ), depois de trabalhos desenvolvidos na África, onde observaram um padrão muito diferente de enfermidades infecciosas, relacionando-as com o hábito alimentar da população. Relacionaram algumas enfermidades intestinais com a proporção de fibras dietéticas, levantando a hipótese de que uma baixa ingestão teria um importante papel entre os fatores causadores das doenças. Desde então, vários trabalhos e pesquisas têm revelado e confirmado que a ingestão de fibras contribui para a manutenção da saúde e prevenção de doenças. Como resultado, profissionais de saúde, atualmente, enfatizam a importância do consumo adequado de fibras ( 3,4 ).

Em virtude de recentes resultados favoráveis de pesquisas, as fibras alimentares têm sido qualificadas como importantes aliadas à terapêutica de doenças ( 5 ). Considerada modernamente como alimento funcional , a fibra dietética, desempenha no organismo, funções importantes, como intervir no metabolismo dos lipídeos e carboidratos e na fisiologia do trato gastrointestinal, além de assegurar uma absorção mais lenta dos nutrientes e promover a sensação de saciedade, a qual é arma contra a obesidade ( 6 ).