logo IMeN

Aplicação e histórico dos alimentos funcionais

Nutricionista Thereza Emed

Dos primórdios da civilização onde o homem se alimentava do que encontrava na natureza até os dias atuais, muita coisa mudou. Hoje em dia, procuram-se alimentos que além de suas funções nutricionais, também possuam funções fisiológicas com ação na promoção de saúde e prevenção de doenças. Logo, a qualidade de vida está associada à qualidade da dieta que se consome, assim como ao estilo de vida.

Assim surgiram os alimentos funcionais ou nutracêuticos, uma nova concepção de alimento lançada pelo Japão na década de 80 através de um programa de governo que tinha como objetivo desenvolver alimentos saudáveis para uma população que envelhecia e apresentava uma grande expectativa de vida. Em 1991 os alimentos funcionais foram regulamentados com a denominação de "Foods for Specified Health Use" (FOSHU). Atualmente, 100 produtos estão licenciados como alimentos FOSHU no Japão. Nos Estados Unidos, a categoria de alimentos funcionais ainda não é reconhecida legalmente.

 No Brasil, somente a partir de 1999, a regulamentação técnica para análise de novos alimentos e ingredientes, foi proposta e aprovada pela Vigilância Sanitária/MS.

A definição de Alimentos Funcionais pela ANVISA engloba duas alegações:

·        ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE FUNCIONAL: é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano.

·        ALEGAÇÃO DE PROPRIEDADE DE SAÚDE: é aquela que afirma, sugere ou implica a existência da relação entre o alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde.

Deste modo, o alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais ou de saúde pode além de funções nutricionais básicas, quando se tratar de nutriente, produzir efeitos metabólicos e fisiológicos e ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica.

Em 2005, a ANVISA revisou as alegações de propriedades funcionais e ou de saúde dos alimentos, de novos alimentos/ingredientes, substâncias bioativas e probióticos. Com esta revisão, alguns produtos deixaram de ter alegações e outros tiveram as suas alegações modificadas, com o intuito de aprimorar o entendimento dos consumidores quanto às propriedades destes alimentos.

Atualmente os alimentos liberados são: ácido graxo ômega 3, carotenóides (licopeno, luteína), fibras alimentares (betaglucana, frutooligossacarídeos, inulina, psyllium, quitosana,  lactulose), fitoesteróis, probióticos e a proteína de soja.

Dentre os principais campos de atuação dos Alimentos Funcionais destacam-se: Roberfroid, Ros

·        Fisiologia do Trato Disgestivo: funções associadas a flora bacteriana, imunidade, biodisponibilidade de micronutrientes, modulação da proliferação epitelial.

·        Sistema Antioxidante: defesa contra o estress oxidativo, através de determinadas vitaminas, com efeito protetor contra a aterosclerose, alguns tipos de câncer e o envelhecimento.

·        Metabolismo de Macronutrientes: redução de efeitos patológicos decorrentes da resistência à insulina, prevenindo doença cardiovascular por reduzir a glicemia e colesterolemia.

É importante atinar para o fato de que tais substâncias, fisiologicamente ativas, devem estar presentes nos alimentos funcionais, em quantidades suficientes e adequadas, para produzir o efeito fisiológico desejado. Em outras palavras, não é suficiente que um determinado alimento contenha determinadas substâncias com propriedades funcionais fisiológicas, para que ele seja imediatamente classificado como funcional.

Referências Bibliográficas:

1. Colli C. Nutracêutico é uma nova concepção de alimento. Notícias SBAN 1998;1:1-2.

2. Hasler C. Alimentos Funcionais: Seu Papel na Prevenção de Doenças e na Promoção da Saúdedo Institute of Food Technologists,2001.

3.  B. Ferrer Lorente, J. Dalmau Serra.  Alimentos funcionales: probióticos Acta Pediatr Esp 2001; 59: 150-155)

4. Metchnikoff E. The prolongation of life, 1ª ed. Nueva York: Putnam Sons, 1908

Kátia Galeão Brandt1, Magda MS Carneiro Sampaio2, Cristina Jacob Miuki Importância da microflora intestinal Pediatria (São Paulo) 2006;28(2):117-27.

GIBSON, G.R.; ROBERFROID, M.B. Dietary modulation of the human colonic microbiota. Introducing the concept of prebiotics. Journal of Nutrition, Bethesda, v.125, n.6, p.1401–1412, 1995.

SCHREZENMEIR, J.; DE VRESE, M. Probiotics, prebiotics and symbiotics-approaching a definition. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v.73, n.2, p.361S-364S, 2001.

CROSS, M.L. Microbes versus microbes: immune signals generated by probiotic lactobacilli and their role in protection against microbial pathogens. FEMS Immunology and Medical Microbiology, Amsterdam, v.34, n.4, p.245-253, 2002.

OUWEHAND, A.C. et al. Probiotics: mechanisms and established effects. International Dairy Journal, Amsterdam, v.9, n.1, p.43- 52, 1999.

Ros E. Introducción a los alimentos funcionales. Med Clin (Barc) 2001; 116: 617-19.

Roberfroid MB. Concepts and strategy of functional food science: the European perspective. Am J Clin Nutr 2000; 71 (suppl): 1660S- 4S.

Guarnier F. Enteria flora in health and disease. Digestion, 73:5-12 (Suppl 1), 2006.

Picard C. Fioramonti J., François A. et al. Review article : bifidobacteria as probitic agents- physiological and clinical benefits. Aliment Pharmacol Ther 22: 495-512,2005.

Marteu P., Seksik P. Tolerance of probiotics and prebiotics. J Clin Gastrenterol 38 (Suppl): S67-S69, 2004.

Hutcheson D. Research lists characteristics of probiotics. Feedstuffs, 14:8-10, 1987.

Bengmark S. Econutrition and health maintenance- A new concept to prevent GI inflammation, ulceration and sepsis Clinical Nutrition, 15:1-10, 1996

De Simone, C. et al. Effect of Bifidobacterium bifidum and Lactobacillus acidophilus on gut mucosa and peripheral blood, Immunopharmacology and Immunotoxicology 14 : 331-340, 1992.

Moineau, S. et al. Effect os feeding fermented milks on the pul monary macrophage activity in mice, Milchwissenschaft, 46(a): 551-554, 1991.

Hanoch, K. et al. Manipulation of fecal PH fecal by dietary means, Preventive Medicine, 19: 607-13, 1990.

Cummings, J H et al. The control and consequences of bacterial fermentation in the human colon, J of Applied Bacteriology, 70: 443-50, 1991.

Scharrer, E et al. Effects of short-chain fatty acids and K on absorption of Mg and other cations by the colon and caecum A. Ernahrungswiss, 29:162-168, 1990.

Brochu, E. Anticholesterolemic effects of latic acid bacteria. Institut Rosell, Inc (unpublished)

Oliveira M. N., Sivieri K., Alegro J. H. A., Saad S. M. I. Aspectos tecnológicos de alimentos funcionais contendo probióticosRevista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 38, n. 1, jan./mar., 2002

KIM, H.S., GILLILAND, S.E. Lactobacillus acidophilus as a dietary adjunct for milk to aid lactose digestion in humans. J. Dairy Sci., Savoy, v.66, n.5, p.959-966, 1983.

GILLILAND, S.E. Acidophilus milk products. A review of potential benefits to consumers. J. Dairy Sci., Savoy, v.72, p.2483-2494, 1989.

TEJADA-SIMON, M.V., LEE, J.H., USTUNOL, Z., PESTKA, J.J. Ingestion of yogurt containing L.

acidophilus and Bifidobacterium to potentiate immunoglobulin A responses to cholera toxin in mice. J. Dairy Sci., Savoy, v.82, p.649-680, 1999.

FULLER, R. Probiotics in man and animals. J. Appl. Bacteriol., Oxford, v.66, p.365-378, 1989.

LEE, Y.K., NOMOTO, K., SALMINEN, S., GORBACH, S.L. Handbook of probiotics. New York: Wiley, 1999. 211p.

SREEKUMAR, O., HOSONO, A. Immediate effect of Lactobacillus acidophilus on the intestinal flora and fecal enzymes of rats and the in vitro inhibition of Escherichia coli in coculture. J. Dairy Sci., Savoy, v.83, n.5, 2000.

NAIDU, A.S., CLEMENS, R.A. Probiotics. In: NAIDU, A.S. Natural food antimicrobial systems. Boca Raton: CRC, 2000. p.431-462.

GOMES, A.M.P., MALCATA, F.X. Bifidobacterium spp. and Lactobacillus acidophillus: biological, biochemical, technological and therapeutical properties relevant for use as probiotics. Trends Food Sci. Technol., Amsterdam, v.10, p.139-157, 1999.

SHORTT, C. The probiotic century: historical and current perspectives. Trends Food Sci. Technol., Amsterdam, v.10, p.411-417, 1999.

Borges VC. Alimentos funcionais: prebióticos, probióticos, fitoquímicos e simbióticos. In: Waitzberg DL. Nutrição Enteral e Parenteral na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu; 2001.

Anjo D. F. C. Alimentos funcionais em angiologia e cirurgia vascular J Vasc Br 2004;3(2):145-54.

Thurnham DI. Functional foods: cholesterol-lowering benefits of plants sterols. Br J Nutr 1999;82:255-6.

Vainio H, Mutanem M. Functional foods. Bluring the distinction between food and medicine. Scand J Work Environ Health 2000;2692:178-80.

Gibson RA, Makrides M. n-3 polyunsaturated fatty acid requirements of term infants. Am J Clin Nutr 2000;71(1 Suppl):S251-5.

Pollonio MAR. Alimentos funcionais: as recentes tendências e os envolvidos no consumo. Higiene Alimentar 2000;14: 26-31.

MARTEAU, P.; BOUTRON-RUAULT, M.C. Nutritional advantages of probiotics and prebiotics. Br. J. Nutr., Wallingford, v.87, suppl.2, p.S153-S157, 2002.

Saad S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 42, n. 1, jan./mar., 2006

WOLLOWSKI, L.; RECHKEMMER, G.; POOL-ZOBEL, B.L. Protective role of probiotics and prebiotics in colon cancer. Am. J. Clin. Nutr., Bethesda, v.73, suppl.2, p.451-455, 2001.

CHARTERIS, W.P.; KELLY, P.M.; MORELLI, L.; COLLINS, J.K. Ingredient selection criteria for probiotic microorganisms in functional dairy foods. Int. J. Dairy Technol., Long Hanborough, v.51, n.4, p.123-136, 1998.

JELEN, P.; LUTZ, S. Functional milk and dairy products. In: MAZZA, G., ed. Functional foods: biochemical and processing aspects. Lancaster: Technomic Publishing, 1998. p.357-381.

NINESS, K.R. Inulin and oligofructose: what are they? J. Nutr., Bethesda, v.129, suppl.7, p.1402S-1406S, 1999.

ROBERFROID, M.B. Concepts in functional foods: the case of inulin and oligofructose. J. Nutr., Bethesda, v.129, suppl.7, p.1398S-1401S, 1999.

CARABIN, I.G.; FLAMM, W.G. Evaluation of safety of inulin and oligofructose as dietary fiber. Regul. Toxicol. Pharmacol., New York, v.30, p.268-282, 1999.

Elmer GW, McFarland LV. Biotherapeutic agents in the treatment of infectious diarrhea. Gastroenterology Clinics 2001; 30: 837-54.

Markowitz JE, Bengmark S. Probiotics in health and disease in the pediatric patient. Pediatric Clinic of North America 2002; 49: 127-41.

Kecskes G, Belagyi T, Olah A. Early jejunal nutrition with combined pre and probiotics in acute pancreatitis prospective, randomized, double-blind investigations. Magy Seb 2003; 56: 3-8.

Liu Q, Duan Z, Ha D, et al. Synbiotic modulation of gut flora: effect on minimal hepatic encephalopathy in patients with cirrhosis. Hepatology 2004; 39: 1441-9.

Lottenberg A. M. P., Nunes V., Nakandakare E. R., Neves M., Bernik M., Santos E. S., Quintão E. Eficiência dos Ésteres de Fitoesteróis Alimentares na Redução dos Lípides Plasmáticos em Hipercolesterolêmicos Moderados Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 2), 139-42, 2002

Vieira C. E. Alimentos Funcionais Rev Med Minas Gerais 2003; 13(4):260-2.

Ouwehand A C., Isolauri E., Kijavainen PV et al. The mucus binding of Bifidobacterium lactis Bb12 is enhanced in the presence of Lactobacillus GG and Lactobacillus delbruekii subsp bulgaricus. Lett Appl Microbiol 2000:30-10-13.

Bouhnik Y., Flourié B., Riottot et al. Effects of FOS ingestion on fecal Bifidibateria and select metabolic indexes of colon carcinogenesis in healthy humans.Nutri Cancer 1996; 36:21-29.

Martins S. L. C., Silva H. F., Novaes M. R. C. G., Ito K. Efeitos terapêuticos dos fitoesteróis e fitoestanóis na colesterolemia. ALAN v. 54 n°3 Caracas sep. 2004.

Lu, K., Lee M-H, Patel S. B. Dietary cholesterol absorbing; more than just bile. Trends Endocrinol Metabol 2001; 12 (7), 1709-11.

Department of Health and Human Services, Food And Drug Administrantion. 21 CFR Part 101: food labeling health claims:plant sterol/stanol esters and coronary heart disease, interim final rule. Fed Reg 2000; 65: 54686-739.

SGARBIERI V. C., PACHECO M. T. B. Revisão: Alimentos Funcionais Fisiológicos Braz. J. Food Technol., 2(1,2):7-19, 1999

Serracarbassa P. D. Vitaminas e antioxidantes na degeneração macular relacionada à idade Arq Bras Oftalmol. 2006;69(3):443-5

Magnoni, D; Stefanuto, A; Kovacs, C. Nutrição Ambulatorial em Cardiologia. Ed. Savier, 2006.

Bertolami M. Ácidos Graxos Omega-3 e Cardiopatia Isquêmica. Arq. Bras. Cardiol. 1989;52/4: 175-180.

Rodrigues P.O., Morais M. G., Agostinho M., Loureiro R. G. Efeitos da Suplementação Dietética com Ácidos Gordos Polinsaturados W3 no Metabolismo Lipídico e Lipoproteico. Depto. Bioquímica da Faculdade de Ciências Médicas da UNL. Campo Mártires da Pátria, 130 de 1169-056 Lisboa, Portugal

Ambrósio C. L. B., Campos F. A. C.S., Faro Z. P. Carotenóides como alternativa contra a hipovitaminose A  Rev. Nutr. v.19 n.2  Campinas mar./abr. 2006

Jekins D. L. A. et al. Dietrary Fiber and Blood Lipds: Treatment of hypercholesterolemia with guar crisp brad. Am J Clin Nutr 33, 5755-581, 1979.

A.D.A.-American Dietetic Association: J. Am. Diet Assoc., 88:216-221,1988.

IMeN - Instituto de Metabolismo e Nutrição
Rua Abílio Soares, 233 cj 53 • São Paulo • SP • Fone: (11) 95145-7335 3253-2966 WhatsApp: (11) 3287-1800 • administracao@nutricaoclinica.com.br